Após a morte do tabelião local, a Prefeitura de Artur Nogueira (a 145 km de São Paulo) decretou três dias de luto oficial. Quem estranha a homenagem de certo não conheceu o “Fernando do cartório”, maneira como era chamado na cidade.
 
Fernando tinha alguns gostos curiosos. Um deles era a predileção pela Fanta Uva entre os refrigerantes. De outro, fez sua carreira -era apaixonado pelo registro civil.
 
O ofício vem do berço. O avô já trabalhava em cartório e o pai tem um em Ribeirão Preto (SP), onde Fernando começou a trabalhar.
 
Dono de memória primorosa, lembrava com facilidade detalhes como datas e placas de carro.
 
Cursou direito e, em 2010, passou em 10º em um concurso com mais de 6.000 candidatos. Seria, a partir daí, o titular do cartório de Artur Nogueira. Com seu jeito atencioso, conquistou a cidade pequena.
 
Sempre com um largo sorriso no rosto, atendia aos cidadãos de maneira solidária, com paciência. Podia passar horas conversando sobre qualquer assunto e, por mais que dominasse o tema, tratava a todos com humildade.
 
O assunto que mais o fascinava era mesmo o registro civil. Era registro para lá, registro para cá. Sem Fernando do cartório, diz-se que a cidade perde o “registro do melhor sorriso”.
 
Morreu no dia 16, aos 43, por morte cerebral após um acidente de carro. Deixa a mulher Fabiana, a melhor amiga de colégio com quem foi casado por 14 anos, as filhas Gabriela e Carolina, os pais, Antonio Ernesto e Ilka, e os irmãos Eduardo e Ricardo.