Em Rio Preto, o bitcoin, a moeda virtual mais popular atualmente, já começa a ser usado no mundo real. No 2º Cartório de Notas da cidade, o dinheiro criptografado já é aceito como pagamento por serviços prestados. A novidade aproxima os rio-pretenses do uso de moedas virtuais, que não só eliminam de vez a função do papel e do metal mas também escanteiam os bancos, já que as transações excluem tais intermediários.

A novidade está disponível há uma semana e foi divulgada na página do cartório no Facebook. Na rede social, o comunicado foi recebido com surpresa e excitação, mas, na prática, a ideia ainda rasteja. Em uma semana, ninguém quis pagar pelos serviços do cartório utilizando a moeda virtual. “As pessoas ainda não conhecem muito, têm um pouco de receio de utilizar”, explica o tabelião-chefe do 2º Cartório de Notas, Célio Caus. Ele afirma, no entanto, que os clientes estão procurando saber mais sobre a nova forma de pagamento.

O uso da criptomoeda é mais um capítulo nas transformações do uso do dinheiro. Com as transações virtuais, realizadas nos caixas eletrônicos ou por internet banking, as pessoas estão usando menos dinheiro em espécie. Mesmo sem ver as cédulas e moedas, elas sabem que o dinheiro está lá, em algum lugar, e pode ser sacado a qualquer momento. Com o Bitcoin é diferente, já que não há, em lugar algum, moeda física. Todos os valores são produzidos e negociados em meio virtual.

Entusiasta do bitcoin, Célio diz que a ideia de incluir a moeda virtual entre as modalidades de pagamento do cartório surgiu após vários estudos sobre o tema. “Eu conversei bastante com colegas de cartórios para saber se havia algum impedimento sobre isso. Como não há nenhuma regulamentação da corregedoria, também não há nenhuma proibição na lei brasileira, decidimos usar dentro das modalidades de pagamento. Então aceitamos dinheiro, cartão de crédito, de débito e, agora, a possibilidade de usar bitcoin.”

Como funciona

Quem for ao 2º Cartório e decidir pagar pelos serviços com bitcoin precisa, em primeiro lugar, ter uma carteira virtual (saiba mais na arte acima). Também é necessário possuir a moeda – ou, pelo menos, uma fração dela, já que o valor de um bitcoin ultrapassa os R$ 62 mil. Dentro do próprio aplicativo, o cliente transfere o valor escolhido em bitcoin para a carteira virtual do cartório.

“A questão é saber o valor do bitcoin”, ressalta o tabelião-chefe. No entanto, ele explica que, desde que a criptomoeda passou a ser negociada na Bolsa de Chicago (EUA), é possível ter uma noção mais realista do valor da transação. “Ainda não está acessível na bolsa brasileira, mas a americana já serve como parâmetro para cotação da moeda a partir do valor do dólar”, explica.

Os contratos futuros de bitcoins começaram a ser negociados na CBOE Global Markets (empresa que possui a Chicago Board Options Exchange e a bolsa de valores Bats Global Markets) na noite do dia 10 de dezembro. Nos 10 primeiros minutos, havia 177 contratos sendo negociados, principalmente de janeiro.

Vantagens

O chefe do 2º Cartório de Notas acredita que a aceitação da moeda virtual deve aumentar com o tempo. Para ele, a popularização do bitcoin – e de outras criptomoedas – facilita a transferência de valores, principalmente por eliminar o intermediário bancário e por sua natureza instantânea.

“Não precisa ter uma conta corrente para fazer essas transferências de valores. Isso a gente vê como uma vantagem, porque acaba sendo uma inclusão social muito grande, já que muita gente ainda não tem conta bancária”, diz.