Mesa 2 do XXI Congresso Paulista de Direito Notarial trata do tema “Cenário Econômico e Social do País Frente à Atividade Notarial”
 
No dia 23 de março, o jornalista por duas vezes vencedor do Prêmio Esso, William Waack, apresentou no XXI Congresso Paulista de Direito Notarial a palestra “Cenário Econômico e Social do País Frente à Atividade Notarial”. Ao longo da apresentação que ocorreu no Casa Grande Hotel & Resort (Guarujá – SP), Waack fez diversas considerações sobre o desapontamento da população brasileira com um estado de bem-estar social que o Estado se propôs a criar, porém não obteve sucesso.
 
Ao longo da palestra, Waack alegou que, em sua visão, algumas instituições estão definitivamente se deteriorando no País. “Está havendo uma deturpação do papel a elas atribuído pelos nossos textos básicos de ordenação do País e da sociedade”, disse. Para ele, a falência do sistema político-eleitoral, do Legislativo, além da situação catastrófica em que se encontra a credibilidade do Executivo levaram o Judiciário a assumir um papel para o qual ele não foi pensado: tomar decisões políticas. “A judicialização da política é hoje a politização da Justiça – é na esfera política que têm que se dar as lutas e não no Judiciário”, alegou.
 
O jornalista seguiu afirmando que essa é apenas a ponta da pirâmide de um processo que já dura muitos anos. “A confiança que o cidadão deposita em um sistema criado para arbitrar, para ordenar do ponto de vista jurídico-legal, passa a ser – na falência de outros sistemas – a esfera que ele não deveria ser: das decisões políticas”, reiterou. “A Suprema Corte hoje é refém de considerações políticas de curtíssimo prazo”.
 
O País, que se encontra quebrado no que diz respeito ao modelo de contrato social inicialmente pensado, precisa de ajustes. “Repará-lo significa ter capacidade de articulação política e depender do sistema político que faliu – vejam a confusão desses dois fatores de muita abrangência”, pontuou. O sistema político atual passa por uma crise de representatividade: os candidatos disponíveis nem sempre representam quem o elege ou o elegeu.
 
No entanto, ele entende que instituições que sejam respeitadas e que sejam alvo da confiança da população ajudam a combater, de certa forma, alguns dos problemas gerados por esse declínio do contrato social como a corrupção e a fraude. Ainda assim, é cético em relação ao quadro geral do País. “O problema não está no campo específico, mas na cultura da fraude e da enganação no nosso País”, declara.
 
Para Waack, o descontentamento geral da sociedade brasileira diante da perspectiva político-econômica do País daqui para frente gera um grau de incerteza crescente entre o eleitorado. “Neste momento, eu vejo o eleitorado absolutamente balançando. A diferença entre o grau de preocupação das mentes pensantes com o resultado imediato das eleições é enorme: isso é uma característica brasileira”, opina. “O grande público está descontente e desinteressado na capacidade dos políticos resolverem o problema dele, e isso me preocupa muito”.
 
Por fim, o jornalista acredita que o partido capaz de romper barreiras será o grande vencedor das eleições. “Quem for capaz, nas eleições brasileiras, de criar uma narrativa que faça com que esses muros de diversas tribos quebrem e consiga abranger um pouco mais leva”, finaliza.