A feira AgroBrasília chega à 12ª edição este ano. O evento começa nesta terça-feira (14/5) e traz tecnologias, palestras, exposições e muita informação para os produtores e consumidores de todo o país. Em entrevista ao CB. Poder, uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília, o presidente da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) e um dos organizadores da AgroBrasília, José Guilherme Brenner, fala sobre as atrações da feira e sobre a atual situação dos produtores rurais de Brasília.

Brenner explica que o DF tem grandes áreas irrigadas, que exigem o uso de tecnologias. A feira é uma oportunidade de reunir os empresários do ramo tecnológico com os agricultores da região.

Apesar de contribuir para a economia do Distrito Federal, algumas áreas destinadas à atividade rural têm perdido espaço para o meio urbano e construções irregulares. Para Brenner, uma das soluções para acabar com a grilagem é justamente a produção rural. “A partir do momento em que você tem uma atividade produtora, é muito difícil isso acontecer. Os produtores têm uma atividade que garante a renda deles e não têm a necessidade de fazer esse parcelamento de terra”, comenta.

Brenner destaca que o que mais atrapalha a atividade do agricultor é a falta de regularização fundiária. Segundo ele, essa é uma das principais demandas dos agricultores e um problema que se arrasta há anos. O presidente da Coopa-DF ainda afirma que, devido à falta de escritura das terras, o DF não usa o seu total potencial para o desenvolvimento rural. “Isso tem um impacto muito grande na questão do financiamento, principalmente para investimentos a longo prazo. O produtor, quando vai pegar um financiamento, não tem o que dar em garantia”, diz.

Além de falta de financiamento, Brenner alerta que estados próximos, como Goiás, contam com desenvolvimento rural expressivo e muitos empresário preferem investir neles pela segurança jurídica, devido às terras escrituradas. Outro ponto apontado como um entrave para o investimento agrícola no DF é a situação tributária.

“Lógico que existe a necessidade da arrecadação, mas há uma concorrência com outros estados que, às vezes, oferecem uma série de vantagens fiscais. Isso tem que ser levado em consideração e o governo precisa chegar a um equilíbrio, que atraia investimentos, mas também tenha um retorno fiscal”, alerta.

Ainda assim, Brenner ressalta que iniciativas estão sendo tomadas para trazer mais investimentos para o DF. Ele cita o projeto de um polo de desenvolvimento industrial para a região do Café sem Troco e do Rio Preto.

Diversidade

De acordo com Brenner, a região do Distrito Federal tem uma rica produção de grãos e um grande potencial para a produção de frutas. Além dos cultivos tradicionais, como morango e goiaba, o produtor cita a plantação de uvas e de frutas cítricas. “O DF tem uma geografia boa para a produção de citros. A laranja, por exemplo, é muito procurada no Ceasa e grande parte vem de fora”, destaca.

A feira também traz diversas técnicas para uma produção sustentável. Apesar de este ano Brasília estar recebendo um grande volume de chuvas, o uso consciente da água é sempre um ponto a ser levado em consideração. Além de tecnologias de irrigação, a feira traz atividades de reciclagem, integração lavoura-pecuária e floresta e painéis de energia solar.