Dados dos cartórios mostram queda de 15% no número de casamentos de 2015 a 2017 e aumento de 4,4% no número de divórcios no mesmo período
 
O número de divórcios aumentou no Espírito Santo em relação ao de casamentos. Até julho deste ano, foram registrados pouco mais de um casamento por divórcio. Há três anos, eram mais de duas uniões para cada separação. Os dados são do Sindicato dos Notários e Registradores do Espírito Santo (Sinoreg/ES), que reúne informações dos registros civis feitos em cartórios entre 2008 e 2018.
 
As informações mostram uma alta no registro de casamentos e uniões estáveis entre 2008 e 2015, quando houve o pico no período, com mais de 28,5 mil casais subindo ao altar. Em compensação, desde então, o número de uniões vem diminuindo, chegando a 24,2 mil em 2017. Uma queda de 15% em três anos.
 
Nos sete primeiros meses deste ano, a tendência permaneceu: os cartórios contabilizaram, de janeiro a julho, 12,8 mil casamentos, cerca de 100 uniões a menos que no mesmo período de 2017.
 
Já a quantidade de divórcios aumentou 4,4% entre 2015 e 2017. Se considerados os dados desde 2008, o número de separações aumentou em 26,5%. Se considerados os primeiros sete meses de 2018, houve aumento de 7,4% nas separações se comparado com o mesmo período do ano anterior.
A motorista Andreia Pinheiro, 42, faz parte dessa estatística. Ela se divorciou em 2017 do marido, com quem conviveu por 22 anos. “Eu lutei de todas as formas que eu podia para manter o casamento, mas quando acaba o respeito é porque acabou o amor”, conta.
 
Sem trabalhar há 16 anos, desde o nascimento da filha do casal, Andreia teve que voltar ao mercado após a separação. “No início é difícil, a gente acha que não vai ser capaz de recomeçar, mas é o contrário. A gente descobre que é muito capaz e até dá mais valor às conquistas”, conta.
 
Andreia teve um divórcio litigioso, que é quando o casal vai à Justiça para que ela decida os termos da separação. Segundo a advogada especializada em direito da família Ivone Vilanova, a maioria dos casos ocorre dessa forma, apesar de o litígio tornar todo o processo mais demorado e mais caro. “O divórcio litigioso demora muito mais, a decisão da Justiça pode levar até dois anos, e isso faz encarecer todo o processo”, explica.
 
A advogada enfatiza que, independente de como os casais abordam a separação, antes é preciso ser feito um esforço de conciliação. “Todo profissional especializado tem o dever de propor um acordo, principalmente quando o casal tem filhos, porque eles são muito atingidos pela demora e o estresse do processo judicial”, conta.
 
Ainda segundo Ivone, o alto custo potencial de um divórcio tem feito muita gente desistir de oficializar o casamento em cartório, o que pode contribuir com a queda no número de uniões registradas. “As pessoas sabem que a separação é muito trabalhosa, então elas se juntam sem formalizar a união”, diz.