O projeto Memórias Notariais foi lançado em 2016 pelo Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo – e tem cumprido o seu objetivo básico: construir a história de São Paulo por meio das escrituras públicas arquivadas nos cartórios de notas
 
Um exemplo desta nova vertente da construção da memória foi dado, semana passada, na Redação do Diário, pelo advogado e professor Andrey Guimarães Duarte, ex-presidente e atual vice-presidente do CNB/São Paulo. Andrey, há dez anos titular do 4º Tabelião de Notas de São Bernardo, distribuiu cópias emolduradas aos jornalistas das escrituras públicas de compra e venda dos quatro grandes clubes de futebol do Estado.
 
O Santos FC iniciou a formação de seu patrimônio em 1916; o Palmeiras, em 1920; o Corinthians, em 1926; e o São Paulo, em 1950. Os quatro grandes têm hoje nos seus museus e centros de memória detalhes oficiais de quando tomaram posse, respectivamente, das propriedades na Vila Belmiro, Parques Antarctica, São Jorge e Morumbi.
 
Ou seja: a memória oral santista, palmeirense, corintiana e são-paulina agora é embasada, oficialmente, graças ao trabalho de pesquisa dos cartórios paulistas. “O projeto busca mostrar a importância do cartório e desmistificar o seu papel de mero agente burocrático, inserindo-o como construtor da memória”, explicou Andrey.
 
Da mesma forma que o projeto ‘Memórias Cartoriais’ descobriu escrituras dos grandes clubes paulistas, ele tem condições plenas, no caso do Grande ABC, de encontrar documentos históricos de clubes como o Serrano de Paranapiacaba (1903), Ribeirão Pires FC (1911), Corinthians de Santo André (1912), Primeiro de Maio (1913), São Caetano EC (1914), AA Industrial de Mauá (1919), EC São Bernardo (1928), Palestra e Meninos de São Bernardo (1935), Independente de Mauá (1945) e assim por diante.
 
O CNB/SP já localizou e divulgou documentos de espaços como a Casa das Rosas, Bolsa do Café e Edifício Copan. Alguns destes, escrituras centenárias. Os cartórios do Estado de São Paulo são estimulados a participar e a buscar, nos seus arquivos, escrituras históricas ali arquivadas, desde as de interesse da história local, como estadual e nacional. Valem documentos de um marco histórico da cidade até escrituras de alforria de escravos ou o testamento de alguém muito conhecido da cultura brasileira.
 
História
 
O Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo é uma entidade de classe, fundada em 1951, que representa os tabeliães de notas do Estado São Paulo. Hoje, o CNB/SP reúne mais de 600 tabeliães de notas associados.
 
Além de proporcionar a troca de conhecimento entre a classe notarial, a associação disponibiliza, para os associados, informações técnicas atualizadas para pesquisas diárias visando facilitar o processo produtivo dos tabelionatos.
 
Um jornal é mantido – Jornal do Notário, com mais de 200 edições. E dentro do jornal, uma coluna como esta página Memória do Diário, com notícias das descobertas do projeto e das exposições realizadas em espaços como o Metrô de São Paulo. Confiram no site http://www.cnbsp.org.br
 
Diário há meio século
 
Domingo, 4 de julho de 1971 – ano 13, edição 1578
Arte Hoje – Enock Sacramento focaliza a obra de Aloísio Domingos dos Santos, artista residente em São Caetano, pintor de paredes de profissão que foi além do seu ofício.
 
“Hoje pinto figuras humanas, baseadas em temas cotidianos. Quero que o povo participe mais diante de minha obra”, disse Aloísio ao entrevistador.
 
Natural de Campina Grande (Paraíba), Aloísio veio para São Caetano em 1961 e residia na Rua Teodoro Sampaio, 74, bairro Cerâmica. Estava com 34 anos em 1971.
 
Faleceu em 1984 e suas obras ocupam espaços como as pinacotecas de São Bernardo, São Caetano e Mauá.
 
Em 4 de julho de…
 
1776 – Os representantes das 13 colônias inglesas da América do Norte, reunidos em Philadelphia, proclamam a independência dos Estados Unidos.
1916 – Pandiá Calógeras, ministro da Fazenda, defere o requerimento da Companhia Fabril São Bernardo pedindo relevação da pena em que incorreu, por não pagar no prazo legal os impostos devidos pelos juros de suas debêntures.
1971 – Prefeitura de Ribeirão Pires instala quatro lombadas na Rodovia Índio Tibiriçá (SP-31), entre o km 53,5 e o km 54, numa tentativa de evitar novos atropelamentos na chamada “Rodovia da Morte”.
Scania requer à Cetesb a licença de funcionamento para ampliação da sua indústria, em São Bernardo.
Duílio Pisaneschi assume a presidência do Rotary de Santo André, na sucessão de Anatole Senate.
1976 – Inaugurado o campanário do santuário de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Barcelona, em São Caetano.
Diarinho, suplemento infantil do Diário, comemora seu quarto aniversário com a 5ª Manhã Colorida, realizada no Bosque do Povo, em São Caetano.
1991 – Museu de São Caetano resgata a história do jogo da bocha na cidade, contando com a participação de atletas como Albino Martorelli.
n Antonio Júlio Pedroso de Moraes assina a página Gastronomia, do Diário.
Nota – Pedroso estava criando jornal próprio, o atual semanário Tribuna do ABCD