Parceria entre CNB/SP e Faculdade de Medicina da USP para salvar vidas com doação de órgãos

 

No dia 19 de outubro, em um esforço inédito de sensibilização sobre a importância da doação de órgãos no Brasil, a Jornada Notarial 2024 promoveu a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO) como um novo e acessível meio de manifestar a intenção de doar. O evento, realizado em São Paulo, na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), uniu tabeliães de notas, profissionais da saúde e o público em geral em uma ação que alia práticas jurídicas e médicas.

 

Organizado pelo Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo (CNB/SP) em colaboração com o Congresso Médico Universitário (COMU), a iniciativa recebeu elogios dos participantes e fomentou um espaço de conscientização, atendimento jurídico e facilitação do processo de doação, com um foco claro em reduzir a burocracia em momentos críticos.

 

Mobilização e Parcerias

 

O presidente do CNB/SP, André Toledo, destacou a importância de realizar o evento em um local de grande relevância acadêmica como a FMUSP, reforçando a integração entre as áreas. “Estar na Faculdade de Medicina da USP foi essencial para gerar credibilidade e fomentar um diálogo próximo entre a comunidade médica e a sociedade. Queremos que o público entenda que a doação de órgãos é um ato de solidariedade que pode transformar vidas,” ressaltou.

 

Ele também enfatizou a receptividade da população ao AEDO, uma solução prática que permite a qualquer pessoa registrar a intenção de doar órgãos de forma eletrônica, com validade legal imediata. “Desde o lançamento, a adesão tem sido crescente em todas as regiões do país, e o feedback dos profissionais de saúde nos incentiva a continuar. Para muitos pacientes na fila de espera, isso significa a esperança de um futuro,” acrescentou o presidente.

 

A presidente do Conselho Federal do Colégio Notarial do Brasil (CNB/CF), Giselle Oliveira de Barros, sublinhou o caráter social da iniciativa. “Estamos aqui para mostrar que a doação de órgãos precisa ser normalizada. Essa ação é apenas um passo para desmistificar o tema e tornar a escolha acessível a todos. A AEDO representa um compromisso público que facilita a vida das famílias em momentos difíceis e salva vidas,” explicou, comentando ainda que o projeto foi pioneiro no Rio Grande do Sul, e hoje tem repercussão nacional.

 

Depoimentos de Participantes

 

Para os estudantes de medicina presentes, o evento foi uma oportunidade de envolver-se ativamente em um tema de grande relevância para a prática médica. A estudante da FMUSP, Gabrielle Simões, compartilhou sua experiência: “Eu sempre quis ser doadora, mas achava que precisava de uma série de documentos e burocracias. A AEDO simplifica o processo e, além disso, ter uma equipe jurídica explicando cada detalhe me deu ainda mais confiança para formalizar minha decisão,” comentou. “Minha melhor amiga recebeu um transplante de rim há dois anos, então sei o quanto essa decisão pode mudar vidas.”

 

O evento contou com uma estrutura acessível, incluindo estandes de atendimento jurídico onde mais de 50 AEDOs foram emitidas gratuitamente. Com o apoio de tabeliães e escreventes, o processo de cadastro para doação de órgãos foi ágil e prático, como destacou João Ricardo Michiura, economista presente no evento: “O atendimento foi rápido e eficiente. Eu tinha a intenção de doar, mas achava que precisava de tempo e de um momento específico. Foi surpreendente conseguir finalizar tudo em menos de 15 minutos, com a segurança jurídica garantida,” disse Michiura.

 

Expansão da Jornada

 

A Jornada Notarial não se limitou à capital paulista. Em cidades do interior do estado, cartórios de notas também aderiram ao evento, realizando o cadastramento gratuito de AEDOs e promovendo o mesmo acesso à informação e suporte. “A mobilização local é essencial. Queremos estar próximos das pessoas, fazendo com que o processo seja simples e acessível para todos,” pontuou Toledo.

 

Segundo ele, a resposta positiva da população e o apoio dos órgãos de saúde indicam que a AEDO tem potencial para ser um divisor de águas na fila de transplantes do país. “Ao legalizar o desejo de doar, contribuímos para que menos famílias enfrentem dúvidas em momentos de luto, e mais vidas sejam salvas com agilidade e menos burocracia,” concluiu o presidente do CNB/SP.

 

Para a sociedade, a AEDO representa um compromisso cívico que vai além do papel. “O objetivo é que esse ato de amor seja compreendido e adotado. Trabalhamos para que cada vez mais brasileiros abracem essa causa e entendam a importância de se manifestarem sobre a doação de órgãos. A Jornada Notarial é um passo importante para essa conscientização,” concluiu Giselle Oliveira de Barros, reiterando a importância de parcerias contínuas entre a área médica e jurídica para tornar a doação de órgãos um movimento nacional.

 

A expectativa é que, com a expansão do programa AEDO, mais brasileiros passem a aderir à doação de órgãos, reduzindo as filas e proporcionando uma segunda chance de vida para milhares de pacientes em espera.

 

Fonte: Jornal do Notário 223

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