A COP 30 será um espaço propício para o debate sobre a regulamentação do mercado de carbono e a ‘tendência verde’

A crise climática, reflexo das atividades humanas que alteram o equilíbrio ambiental, é um dos maiores desafios contemporâneos. A expansão industrial acelerada e a dependência de combustíveis fósseis têm ampliado significativamente as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), especialmente o dióxido de carbono (CO2), intensificando o aquecimento global.

Nesse cenário, torna-se essencial a adoção de políticas coordenadas em diversas esferas para mitigar os impactos das mudanças climáticas. A Conferência das Partes (COP) surge como um espaço crucial para a discussão e formulação de estratégias globais voltadas à sustentabilidade ambiental.

A COP 30, que ocorrerá em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro de 2025, será um momento histórico para o Brasil e para a Amazônia, trazendo para o centro das negociações climáticas questões como financiamento ambiental, justiça climática e regulação do mercado de carbono. O evento reunirá representantes de diversos países para debater compromissos e soluções para a crise climática.

Apesar do avanço nas discussões sobre descarbonização e desenvolvimento sustentável, os desafios persistem, incluindo a implementação efetiva dos acordos climáticos, a distribuição equitativa dos recursos e a responsabilidade histórica das nações desenvolvidas no aquecimento global.

Durante a Conferência do FMI em Al-Ula, na Arábia Saudita, o ministro Fernando Haddad reforçou a importância do mercado de carbono e da cooperação internacional para evitar o uso da crise climática como justificativa para barreiras comerciais. Esse posicionamento destaca a necessidade de um modelo de integração de mercados de carbono que seja eficaz e justo, alinhado aos compromissos da COP 30.

Governo do Pará e o compromisso com o mercado de carbono

Em novembro de 2024, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), anunciou a venda histórica de 12 milhões de toneladas de crédito de carbono a 15 dólares cada, totalizando cerca de R$ 1 bilhão em uma única transação.

O anúncio foi feito durante a Semana do Clima de Nova York, na Casa Amazônia, um evento que visa destacar as práticas sustentáveis da Amazônia, valorizando o manejo responsável do território e os produtos originários da região, além de promover a rica diversidade cultural local.

Durante sua participação, Helder Barbalho também compartilhou uma importante meta do estado: até 2026, o Pará terá 100% de rastreabilidade nas cadeias de produção de proteína bovina e bubalina, reforçando a transparência e sustentabilidade no setor agropecuário.

A venda dos créditos de carbono é parte de uma estratégia que não apenas gera recursos para o estado, como destina parte dos valores à sociedade, com ênfase nos povos indígenas, quilombolas, extrativistas e agricultores familiares.

Durante a participação no painel sobre “Financiamento de Ação Climática”, do G20 Social, ocorrido no final de 2024, o ministro das Cidades, Jader Filho, defendeu o mecanismo de crédito de carbono, lançado no Pará como forma de compensação financeira para moradores do interior do Brasil aliada à defesa das florestas.

Além da preservação, o ministro também ressaltou que o cuidado ao meio ambiente deve estar alinhado ao cuidado com as pessoas que residem na região. “Para proteger a Floresta, o Meio Ambiente não basta comando e controle. Tem que cuidar das pessoas. Levar infraestrutura, água de qualidade, saneamento básico, bons empregos, cuidar da saúde e da educação”, declarou.

Como surgiu o mercado de carbono?

O mercado de carbono representa um instrumento econômico criado pelo Protocolo de Kyoto, acordo ambiental formulado durante a 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Kyoto, no Japão, em 1997. Sua missão é reduzir as emissões de GEE através da precificação do carbono. Sob este sistema, empresas têm a oportunidade de comprar e vender créditos de carbono, que autorizam a emissão de uma quantidade determinada de gases.

O que é o crédito de carbono?

Segundo o doutor em economia André Cutrim, os créditos de carbono são certificados que representam uma tonelada de dióxido de carbono (CO₂) ou gases equivalentes que deixaram de ser emitidos na atmosfera devido a práticas sustentáveis ou projetos específicos. Ao adquirir ou gerar um crédito, significa que uma tonelada de emissão de carbono foi evitada, reduzindo, assim, a quantidade da substância lançada na atmosfera.

Por que precisamos de créditos de carbono?

Precisamos de créditos de carbono porque as atividades humanas geram emissões da substância que contribuem para as mudanças climáticas. Os créditos permitem compensar essas emissões por meio do financiamento de projetos destinados a armazenar, evitar ou reduzir a quantidade de dióxido de carbono.

Ou seja, ao adquirir créditos, o valor da compra financia um projeto especificamente desenvolvido para reduzir as emissões de dióxido de carbono.

Quem emite crédito de carbono?

Os créditos de carbono podem ser emitidos por entidades que comprovem, por meio de auditorias independentes, que suas iniciativas efetivamente reduziram as emissões de gases de efeito estufa. Além disso, eles também podem ser emitidos por empresas, organizações não governamentais, comunidades ou indivíduos responsáveis por projetos ambientais certificados, ações de reflorestamento, adoção de tecnologias mais limpas e produção de energia renovável.

Como funciona a venda de crédito de carbono?

As entidades que geram créditos de carbono podem comercializá-los em mercados chamados Bolsas de Carbono. Esses créditos podem ser adquiridos por outras empresas ou governos que precisam compensar suas próprias emissões, ajudando a cumprir suas metas ambientais. Ou seja, se uma empresa não conseguir reduzir suas próprias emissões ao tempo, ela poderá comprar créditos de quem conseguiu fazer essa redução.

De acordo com Cutrim, o valor dos créditos de carbono pode variar bastante, dependendo do mercado, do tipo e localização do projeto e da demanda por compensações. “Atualmente, o preço por tonelada de CO₂ pode variar desde poucos dólares/re ais até mais de 60 dólares/reais, refletindo o valor atribuído à efetividade ambiental, sustentabilidade e impacto social positivo das iniciativas”, finalizou.

Como ganhar dinheiro com crédito de carbono?

Investindo em projetos de redução de emissões

Vendendo créditos excedentes

Comprando e vendendo créditos

Atuar como intermediário em negociações

Oferecendo consultoria para empresas interessadas em reduzir emissões

Quem paga pelos créditos de carbono?

Empresas, governos ou indivíduos que desejam compensar suas emissões ou cumprir regulamentações ambientais.

Quem compra crédito de carbono?

Qualquer país ou empresa pode comprar créditos para reduzir sua pegada de carbono. Holanda, Japão e Reino Unido estão entre os maiores compradores.

A cobertura da Cop 30 pelo Grupo Liberal é multiplataforma e tem patrocínio da Hydro, Agropalma, Grupo Status, Atacadão, Sebrae no Pará e Equatorial Energia, além do apoio da Vale.

Fonte: O Liberal

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