Organização promete entregar o espaço completo até 1º de novembro; representantes dos governos estadual e federal não quiseram comentar sobre crise de falta de hospedagem e dos altos preços cobrados para estadia

A menos de três meses do início da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, o governo do Pará informou que 97% das obras no Parque da Cidade, área de 500 mil metros quadrados que sediará o evento, já estão prontas. A organização promete entregar o espaço completo até 1º de novembro.

Parte das estruturas fixas está praticamente concluída, como o prédio da gastronomia que será usado para apoio na alimentação nos dias do evento e o corredor que liga as zonas verde e azul. Outras construções estão parcialmente entregues. A modernização do Hangar Centro de Convenções, que vai integrar o espaço da COP30, está com 88% dos trabalhos concluídos.

Um terço dos pavilhões temporários, que ocuparão 160 mil metros quadrados, foi montado até agora. O “recheio”, com mobiliário alugado e equipamentos, só deverá ser feito em setembro e outubro, mais próximo do evento, que será realizado entre 10 e 21 de novembro.

“Não tem evento que fica pronto dois, três meses antes. É programado para ficar pronto em cima da hora mesmo”, afirmou Olmo Xavier, diretor de infraestrutura da Secretaria Extraordinária da COP30, vinculada à Casa Civil do governo federal. “Estamos preparados para entregar”, completou.

Algumas áreas da macroestrutura vão começar a funcionar ainda em outubro, para credenciamento dos participantes da conferência. O local estará em pleno funcionamento para as pré-sessões, entre 3 e 8 de novembro, e para a cúpula de líderes, nos dias 6 e 7 do mesmo mês, nas vésperas da abertura da COP30.

Segundo Adler Silveira, secretário de Infraestrutura do Pará, o cronograma de obras no Parque da Cidade está dentro do normal e o local estará pronto para receber eventos preparatórios nas semanas anteriores à conferência. Na próxima semana, deve ser iniciada a sinalização rodoviária dos “caminhos para a COP”, com a instalação placas e a criação de faixas exclusivas ou prioritárias em cerca de 400 quilômetros para veículos que irão para o evento.

Questionados sobre a crise de falta de hospedagem e dos altos preços cobrados para estadia na cidade na época do evento, que levou países a pedirem a troca da sede da COP, os representantes dos governos estadual e federal não quiseram comentar. Durante visita às obras nesta semana, o diretor de Infraestrutura da Secretaria Extraordinária da COP30 da Casa Civil, Olmo Xavier, disse apenas que Belém “tem condições de abrigar e receber todos” que vão participar do evento. “Tem mais gente querendo vir para a COP do que pessoas que não estão conseguindo”, afirmou a jornalistas nessa terça-feira (19/8).

A expectativa é que Belém receba 50 mil participantes ao longo das duas semanas de COP30. O governo do Pará disse, em nota, que está construindo 405 quartos para receber delegados e líderes de delegações estrangeiras. Cerca de 67% do cronograma já foi cumprido.

“Também estão contemplados a reforma de escolas (seis já foram entregues) que vão receber mobiliário para funcionar como hostel durante a COP, aluguel de temporada e parceria com plataformas de hospedagem para aumentar a oferta de leitos na capital. A rede hoteleira recebeu incentivo para modernização e também será ampliada com a construção de novos hotéis e o governo federal contratou dois navios que servirão como hotéis”, afirmou, na nota.

A reportagem visitou as instalações na terça-feira (19). A visita ocorreu na “green zone”, onde serão realizados eventos paralelos à COP30. A equipe não teve acesso à “blue zone”, área restrita que abrigará as negociações oficiais entre as delegações.

“Teremos a zona verde mais verde de todos os tempos, com estruturas temporárias que vão agregar à área pronta do parque, para terem a oportunidade de sentir o calor amazônida, a chuva. As pessoas querem ver isso também”, disse Olmo Xavier. Um bosque com 90 mil metros quadrados próximo ao parque poderá ser visitado pelos participantes da conferência.

O parque onde a COP30 será realizada ocupa o espaço de um antigo aeroporto que foi desativado. Uma área de lazer construída recentemente foi entregue em junho para uso da população e para colônia de férias pública para 10 mil crianças e idosos até agosto. Segundo Adler Silveira, 500 mil pessoas passaram pelo espaço, que foi fechado no início desta semana e entregue para o governo federal e a Organização das Nações Unidas (ONU), responsáveis pela montagem das estruturas provisórias dos pavilhões de negociação e plenárias.

“São estruturas entregues e não vão ficar como elefante branco posteriormente, pois tem necessidade da população para uso”, disse Silveira. Ele disse ainda que o pacote da COP30 inclui mais do que as 37 obras, com aporte de R$ 4,5 bilhões dos governos estadual e federal. Mais de 20 mil pessoas têm recebido formação e capacitação para se preparar para recepcionar as delegações do mundo inteiro em novembro. São cursos de inglês para taxistas, camareiras e chefs de cozinha, por exemplo.

Fonte: Valor Econômico

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