A cidade de São Paulo completa 463 anos nesta quarta-feira (25 de janeiro) e, para comemorar, o Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo (CNB/SP), entidade que congrega os cartórios de notas paulistas, resgatou a história do Copan, um dos edifícios ícones do centro financeiro e cultural do Brasil.

Projetado na década de 50 pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com a colaboração de Carlos Alberto Cerqueira Lemas, o Edifício Copan surgiu num período em que a Cidade de São Paulo apresentava uma dinâmica de transformação e crescimento. O empreendimento é bastante conhecido por sua geometria sinuosa, que lembra uma onda, e pelos números superlativos de suas estatísticas. Tem 115 metros de altura, 35 andares (incluindo três comerciais), além de dois subsolos e cerca de dois mil residentes. É considerada a maior estrutura de concreto armado do Brasil. 

Hoje, possui 1.160 apartamentos divididos em seis blocos e dois andares subterrâneos de garagem, com 221 vagas, sendo considerado o maior edifício residencial da América Latina. A área comercial no térreo possui 72 lojas e um cinema – o antigo Cine Copan, que funcionou até 1986.

Porém, de 1950 para cá algumas coisas mudaram no Copan, como é possível reverificar na escritura pública de especificação do condomínio, documento de 1970, preservado no 26º Tabelionato de Notas de São Paulo. 

Segundo o documento, o edifício possuía um cinema, descrito da seguinte forma: “Está situado no pavimento térreo e tem acesso pela galeria interna. – É constituído por: sala de espera, dois locais para depósito, um conjunto de sanitários femininos, um conjunto de sanitários masculinos, duas escadarias de entrada subindo para a plateia [português à época] e duas escadarias de saída (uma do lado do grupo de elevadores do bloco ‘B’ de apartamentos, e outra próximo a saída da galeria interna para a Rua Vila Normanda); no pavimento superior, ao nível da sobreloja e ‘foyer’, situa-se a platéia em rampa, escadaria de entrada subdividida em dois lances, instalações sanitárias masculinas e femininas, uma de cada lado da platéia, duas escadarias de saída (uma de cada lado da platéia) e duas escadas de acesso ao pavimento seguinte ao nível do ‘foyer’ e ‘terraço’, constituído pela cabine de projeção, recintos para depósito, sala de enrolamento, local de máquinas de ar condicionado e o vazio da platéia.”

Ainda segundo a escritura pública, o condomínio foi inaugurado numa área total de 10.815,30 m², tendo frente para a Avenida Ipiranga, Rua Araújo e Rua Particular Vila Normanda. Incialmente continha 82 lojas e um foyer (salão nos teatros, onde os espectadores aguardam o início de uma apresentação, ou tomam drinques etc. nos intervalos).

O foyer ou 5º pavimento era assim descrito: “constituído por: poço dos elevadores e escadaria do bloco ‘A’ de apartamentos; tubulações de lixo do mesmo bloco; dois conjuntos de sanitários, sendo um com 10 Ww.Cc. e outro com 5 Ww.Cc.; uma copa-cozinha; um salão para escritórios, parte do qual está situado sôbre às sobrelojas 51, 52, 53 e 54 e parte sôbre as sobrelojas das lojas 27 a 35, tendo a segunda parte de seu piso 0,50m. mais alto que a primeira; caixas de escada e de elevadores que ligam o salão às sobrelojas e lojas nºs 51, 52, 53 e 54; uma circulação interna que liga os conjuntos de sanitários e a copa-cozinha com salão; área de ventilação dos sanitários e da copa-cozinha; terraço de frente para a Rua Particular com acesso pelo salão de escritórios; parte superior do cinema, onde se localizam a cabine de projeção, depósitos e vazio da platéia, caixa da escada que liga êste pavimento com a sobreloja e terraço”.

Clique aqui para ler a transcrição da escritura de declaração, divisão e especificação de condomínio e seu regulamento na íntegra.