Em “A dona do pedaço”, longe de onde vivem os ricos, existe um grupo de sem-teto que invadiu uma casa abandonada. Eles estão lá desde que a novela estreou e Maria da Paz (Juliana Paes) chegou a São Paulo, ou seja, talvez tenham até direito ao imóvel por usucapião. Discutem esse tema com frequência. Nesta segunda-feira, 22, por exemplo, Eusébio (Marco Nanini) disse que a casa era dele: “Eu que tive a ideia de vir pra cá e puxar a eletricidade”.
 
Nesse cenário, ficam alguns dos melhores profissionais da nossa televisão: o próprio Nanini, Rosi Campos (Dodô), Tonico Pereira (Chico) e Betty Faria (Cornélia) estão entre eles, só para mencionar alguns. É difícl citar todos porque a lista é comprida. Quando essa trama entra no ar, o espectador tem de se preparar para a multidão. Nunca há menos de cinco atores em cena e os personagens estão quase sempre discutindo. Recentemente, a cantora Gretchen se juntou ao grupo. Ela é Gina, namorada de Eusébio. Desde que ela chegou, formou-se um triângulo. Na segunda-feira, a disputa apertou e Dodô entrou na cama deles, no meio dos dois, armada de duas agulhas de tricô, ameaçando furar quem se opusesse.
 
Quando esse núcleo aparece, nem o ótimo trabalho do elenco, nem a luz bem feita e o esforço da cenografia e do figurino afastam o pensamento que ocorre ao espectador: é o núcleo cômico, mas, com frequência, não tem lá muita graça. A gente fica matutando também até quando insistirão nessa obrigação de fazer piada dentro do melodrama.