Se você ainda não ouviu falar do Real Digital, que foi batizado pelo Banco Central como Drex, deveria, porque ele pode mudar muita coisa na sua vida. Para começar, ele é a versão brasileira do que é conhecido como “Central Bank Digital Currency” ou CBDC: moeda digital de banco central, que muitos países vêm desenvolvendo nos últimos anos e faz parte de uma estratégia do Banco Central para ter uma economia cada vez mais digitalizada.

 

Perceba que hoje em dia é cada vez mais raro o uso de notas físicas e o uso de transações eletrônicas, como TED, cartões de crédito e débito, e agora o PIX tem tomado o seu lugar.

 

No entanto, é importante ressaltar que ele utiliza a tecnologia baseada em blockchain, extremamente segura, mas com uma diferença importante em relação às criptomoedas: o Drex é controlado inteiramente pelo Banco Central, enquanto criptomoedas como o bitcoin não possuem um regulador, sendo completamente descentralizadas.

 

Mas para que ele vai servir e o que pode mudar nas nossas vidas?

Vamos começar pelo que não muda: ele não terá uma cotação diferente da do real, como o bitcoin por exemplo. Isso é garantido pelo próprio Banco Central, que é quem emitirá o Drex, da mesma forma que emite os reais, embora os reais sejam impressos e o Drex só existirá na versão digital. Em resumo, um Drex terá o mesmo valor de um real.

 

Outra coisa que não muda é a possibilidade de seu uso cotidiano. Você poderá usar o Drex para pagar suas contas e fazer transferências, do mesmo jeito que faz hoje com o Pix ou com o seu cartão.

 

Para ter acesso ao Drex, nós teremos que converter reais em Drex e guardá-los em uma carteira virtual. Para isso, utilizaremos as instituições que conhecemos hoje, como os bancos, corretoras, cooperativas e mesmo algumas fintechs, que podem até inovar no setor. A partir daí poderemos usá-lo como usamos o real hoje.

 

Até aí, tudo parece mais do mesmo, certo? Mas as possibilidades para mudanças são inúmeras. Uma das mais interessantes é a utilização de uma característica importante: é tudo instantâneo! Vou dar um exemplo.

 

Imagine como é comprar um carro hoje: você paga primeiro para depois receber o veículo com a documentação transferida ou recebe tudo primeiro para depois pagar? Em ambos os casos, existe um risco para quem faz a operação primeiro, concorda? Com a utilização do Drex, esse risco não existe mais, já que ambas as operações serão feitas no mesmo momento. Aumento importante na velocidade e na segurança de muitas transações, possibilitada pelo uso da tecnologia, do que são chamados de “contratos inteligentes”. E tudo isso sem precisar de cartórios!

 

Além disso, poderá haver integração com os sistemas públicos, como o Detran e, nesse caso, toda a transferência também seria feita automaticamente —e instantaneamente!

 

Outra função que podemos imaginar é o uso do Drex para tomada de crédito com garantia, como no caso de veículos, de investimentos ou mesmo de imóveis. Como o bem dado em garantia seria transferido automaticamente ao credor em caso de não pagamento de forma rápida e automática, isso diminuirá a inadimplência e, portanto, o risco para os credores, fazendo com que os juros tendam a baixar nessas operações. Algo parecido com o que aconteceu com o uso da alienação fiduciária nesses tipos de contrato.

 

Além disso, será possível investir diretamente, comprando títulos públicos federais por exemplo, sem intermediários ou mesmo fazer envio de recursos para fora do país, já que essa tecnologia tende a ter uma interface comum em muitos países do mundo. O próprio governo poderá implementar sua política monetária de forma mais rápida e direta, o que pode agilizar o combate à inflação. Outro ponto é que os intermediários tendem a ser cada vez menos necessários, o que se traduz em redução de custos e aumento da celeridade em quaisquer transações.

 

Esses são apenas alguns exemplos, mas a inovação está só no começo, e muita coisa ainda pode surgir. A ideia do Banco Central é que se comece a utilização em 2024, o que é logo ali.

 

É claro que sempre vale a pena ficar de olho porque com o Drex a supervisão do governo sobre o dinheiro será ainda maior e é preciso atenção para que questões ligadas à proteção de dados ou qualquer outra questão de privacidade seja sempre respeitada.

 

Fonte: UOL

Deixe um comentário