O tema dos créditos de carbono foi destaque na Intersolar Summit Brasil NE

O crédito de carbono foi tema de destaque na Intersolar Summit Brasil Nordeste, posicionando-se como peça-chave para impulsionar investimentos e consolidar o avanço da energia solar no Nordeste.

Um destaque no evento, foi o chamado carbono azul, que é capturado e armazenado pelos ecossistemas marinhos e costeiros e pode ser encontrado nas águas dos litorais no Nordeste do país. O diretor da empresa de consultoria independente Apsis Carbon, Fabiano Machado destaca que este potencial podem abrir oportunidades aos empresários nordestinos.

“O Nordeste é promissor tanto de fontes de energia renovável, especialmente aquelas associadas a novas tecnologias como o hidrogênio verde, mas também a partir do chamado blue carbon, com a restauração de mangues, agricultura regenerativa e projetos de reflorestamento. É importante frisar que hoje há dezenas de metodologias aprovadas para gerar créditos de carbono, e alguns tipos de projetos (como o carbono azul) possuem alta procura e perspectivas interessantes de preço no mercado internacional”, cita Machado.

Apresentado como um instrumento estratégico para a descarbonização e geração de receitas sustentáveis, o crédito de carbono foi uma das temáticas que passaram pelo evento, um dos mais completos da região envolvendo energia solar e temas relacionados, que aconteceu entre os dias 23 e 24 em Fortaleza.

Porém, para acompanhar o mercado do crédito de carbono é necessário planejamento. Fabiano Machado, explica que para dar ingresso a esse mercado é fundamental seguir as diretrizes do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), além de fundamentar um padrão de certificação reconhecido internacionalmente e que seguem às boas práticas do mercado como Adicionalidade, Permanência, Verificação de Terceira Parte e Impacto social.

“As empresas de renováveis possuem um desafio atual no mercado voluntário que é o fato de os grandes padrões internacionais (Verra e Gold Standard) não estarem aceitando novos projetos de energia renovável no Brasil; essa questão deve ser resolvida no momento que o Brasil tenha seu conjunto de regras e metodologias estabelecidas no SBCE, o que deve acontecer nos próximos 2 anos”, prevê.

Economia de baixo carbono

O congresso contou com a participação de mais de 30 palestrantes renomados e especialistas do setor. Dentre eles, Marina Mattar, CEO da Perspectivas, empresa de consultoria especializada em economia de baixo carbono, que falou sobre esse mercado considerado uma grande porta de entrada para os empresários de energia solar.

Em sua fala, Marina lembrou que o Brasil, apesar de ser o sexto maior emissor de carbono do mundo, emite apenas 3% dos números mundiais. Desses, boa parte é relacionada ao desmatamento com 50%, seguido da agropecuária em 25%, a energia com 20% e parte da indústria representando 5%, dentro dos 3% globais.

“Debater o mercado de carbono em um encontro como esse é essencial para pensar em resoluções para as emissões de carbono. Esse é um dos principais atores chaves para reduzir a emissão no Brasil e no mundo, com a exportação do crédito de carbono para indústrias também de outros países”, destaca.

Carbono em discussão na COP 30

Marina Mattar diz ainda que a expectativa é que o carbono continue sendo o grande protagonista na COP 30, que ocorrerá em Belém do Pará, em novembro, com um olhar de investimentos, inclusive para a região Nordeste.

“Eu vejo o Nordeste como essencial. É aqui que temos o potencial de energia solar e eólica. A energia solar está aqui forte, é uma vantagem que essa região fornece, em comparação com o mundo, é uma vantagem natural. Garante competitividade, não só para a indústria, para gerar crédito de carbono para todo o setor industrial brasileiro, mas também para exportar. O Nordeste é estratégico no mundo, é preciso explorar essa oportunidade”, afirma a CEO.

Potencial da energia solar

Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), presente na abertura da Intersolar, conversou com o Movimento Econômico. Ele destaca que a expectativa é que cada vez mais telhados sejam geradores de energia solar, apontando que a energia solar deve liderar o ranking no quesito uso de energia nos próximos anos.

“A energia já é a segunda maior fonte do Brasil. Segundo os principais analistas do mercado, ela deve, a partir das duas próximas décadas, se tornar a fonte número um de energia elétrica no Brasil e em vários países do mundo. Ela é a forma mais competitiva, mais barata, de gerar energia limpa e renovável para o planeta”, prevê.

Já Denise Marson, gerente de marketing e comunicação do Intersolar Summit Brasil Nordeste, explica que o objetivo do congresso foi apresentar as inovações, promover networking, com interessados em investimentos e conhecer as últimas novidades do mercado. A escolha por Fortaleza, que sedia todos os eventos no Nordeste, não é por acaso.

“Visualizamos em Fortaleza um grande potencial de crescimento para as energias renováveis, especialmente no Ceará. Além das condições climáticas favoráveis, muitas incidências de sol, tem muitos terrenos propícios para usinas solares, com um grande potencial para os próximos anos”, afirma.

Fonte: Movimento Econômico

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