Com regulação mais clara e adesão crescente de plataformas licenciadas pela CVM, o país consolida liderança regional
O avanço da tokenização no Brasil começa a se consolidar em 2025, com o país se destacando como um dos polos mais ativos da América Latina no segmento. Segundo o relatório Brazil Tokenization Report 2025 – The Convergence Moment, elaborado pela Nexa em parceria com a Fintrender, o ecossistema nacional passou por um amadurecimento importante: mais de 60% das plataformas especializadas já operam sob licenças e normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com o volume total de ativos tokenizados superando R$ 1 bilhão.
A tokenização é o processo que transforma ativos do mundo real — como imóveis, títulos ou ações — em versões digitais registradas em blockchain. Essa tecnologia funciona como um grande livro de registros público, que garante segurança e transparência às transações.
Cada ativo tokenizado é representado por um “token”, que corresponde a uma fração do bem original e pode ser negociado de forma simples e rápida. Na prática, é como se a blockchain funcionasse como um cartório digital, permitindo dividir ativos em pequenas partes e ampliar o acesso a investimentos antes restritos a poucos.
“Tokenização já é uma realidade que veio para ficar, e o Brasil não está apenas acompanhando — está ajudando a definir os rumos”, destaca Gustavo Cunha, fundador da Fintrender e coordenador editorial do relatório. “Essa edição do estudo reforça a tese de que estamos diante de uma mudança estrutural nos mercados financeiros.”
O relatório cita quase 30 plataformas de tokenização atuando no Brasil e somente as três maiores estimam totalizar mais US$ 1 bilhão em ativos tokenizados este ano. As plataformas vêm concentrando as emissões em crédito e recebíveis, principalmente, com aumento da demanda por soluções compatíveis com o mercado regulado.
“A evolução do mercado em apenas um ano é impressionante. Já temos mais de US$ 1 bilhão em ativos tokenizados no Brasil, e essa segunda edição do relatório mostra claramente como o país assumiu a liderança na América Latina”, afirma Lucas Danicek, presidente da Nexa.
O estudo destaca que 2025 é o primeiro ano em que o mercado deixa a fase experimental e entra em rota de escala, impulsionado pela evolução das regras da CVM, como a revisão da Resolução 88, e pela expectativa de que o Banco Central finalize a regulamentação das prestadoras de serviços de ativos virtuais (VASPs).
O que pensam os participantes do mercado
A pesquisa conduzida com dezenas de instituições financeiras, startups e empresas de tecnologia mostra otimismo em relação ao ambiente regulatório e à entrada de investidores institucionais no setor:
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62% dos respondentes afirmam que já possuem licença ou estão em processo de adequação junto à CVM ou ao Banco Central.
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70% acreditam que o mercado melhorou em relação a 2024, com casos reais e infraestrutura mais madura.
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44% veem o estágio atual como de crescimento consistente, enquanto 30% já consideram o ambiente “maduro”, com operações relevantes em curso.
Os fatores que mais impulsionam o avanço da tokenização, segundo o levantamento, são:
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Evolução regulatória e segurança jurídica (67%);
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Interesse crescente de instituições financeiras (67%);
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Integração entre Drex (a plataforma do real digital) e stablecoins – as criptos atreladas a moedas fiduciárias (46%);
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Demanda por novos produtos de investimento (29%);
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Progresso tecnológico e infraestrutura de custódia (21%).
Entre os obstáculos, destacam-se o baixo conhecimento do público (67%), a incerteza regulatória residual (54%) e a falta de interoperabilidade entre sistemas (29%).
Panorama geral
O relatório conclui que o Brasil reúne os elementos centrais para uma adoção em massa da tokenização: ambiente regulatório em consolidação, stablecoins lastreadas em reais e crescente participação de bancos e gestoras.
Ainda assim, o texto alerta que a educação financeira e tecnológica segue como um dos principais gargalos para que o mercado atinja escala e ative seu potencial de liquidez e democratização do acesso a investimentos.
“O mercado vive uma transformação tecnológica comparável à migração do pregão viva-voz para o eletrônico, um avanço que redefine a experiência do investidor e abre uma nova fronteira de oportunidades para o mercado financeiro”, destaca Caue Duarte, sócio da Nexa e coordenador do relatório.
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Fonte: Valor Investe


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