Alta nos registros tem relação com a pandemia da Covid-19, a busca por regularizar contratos de bens e há uma tendência de opção por cidades com melhor qualidade de vida
 
As incertezas que surgiram com a pandemia da Covid-19, desde os aspectos econômicos até os práticos na lida com uma doença grave e o risco de morte, motivaram um aumento na procura por cartórios para registrar e regularizar imóveis em Campinas (SP). Dados do Colégio Notarial do Brasil (CNB) apontam que a metrópole teve 7.321 escrituras públicas de compra e venda no primeiro semestre de 2021. É o maior número para o período nos últimos 15 anos.
 
Entre janeiro e junho, maio foi o mês de destaque, com 1.345 registros e também superou todos os meses do primeiro semestre desde janeiro de 2006, conforme balanço do CNB realizado a pedido do G1, retratado na tabela a seguir:
 

 

 
Na comparação com 2020, o número de escrituras públicas teve um aumento no período de 77,8%. Já em relação ao semestre de 2019, portanto antes da pandemia, a variação foi de 44%.
 
Em entrevista ao G1, o vice-presidente do CNB/SP, Carlos Fernando Brasil Chaves, avaliou a alta como um reflexo direto do período de quarentena e incertezas. Segundo ele, houve um maior reconhecimento das pessoas sobre a importância de regularizar bens, patrimônios.
 
“As pessoas têm abandonado o instrumento particular porque sabem que esse tipo de instrumentalização não lhes dá a segurança na efetivação daquele negócio ou daquele investimento. Esses dados são reflexos não só de maiores negócios, mas também da consciência das pessoas de que elas precisam realizar o negócio como a lei exige, via escritura publica verificando, pelo tabelião, a rigidez”, explicou.
 
Veja os dados de 2006 a 2021 abaixo:
 

 

 
Aquisições facilitadas
 
Chaves também destaca que houve uma facilitação na aquisição de imóveis, principalmente os residenciais, com queda de juros, por exemplo, e algumas pessoas tiveram condições de poupar dinheiro, evitando gastar com viagens e outras programações devido à pandemia.
 
Campinas e a região se destacam como opções diante de maior busca das pessoas por qualidade de vida e imóveis mais confortáveis, segundo ele. Novos empreendimentos têm sido construídos na metrópole e no seu entorno, o que retrata essa procura, e a proximidade com a capital paulista é outro fator que entra nessa conta.
 
“Com absoluta certeza houve um reflexo migratório, e os tabeliães têm sentido esse aumento. A última coisa que a pessoa quer hoje é ficar em um ambiente de insegurança. Não procurar um tabelião reflete uma insegurança. O tabelião evita fraudes e prejuízos, e garante a segurança dos negócio”.
“Tivemos aumento em testamentos, divórcios, inventários, por conta do grande número de pessoas que sofreram reflexos da pandemia”, completa o vice-presidente.
 
No caso dos testamentos, a variação no semestre foi de 18,3% – 174 documentos em 2021 contra 147 no ano passado.
 
Tendência de alta
 
A tendência de alta para os próximos meses já é uma realidade na visão dos cartórios de Notas, uma vez que já se tem percebido os efeitos de uma retomada econômica, com mais empregos gerados, novas empresas que surgiram na crise e maior circulação de recursos.
 
“Mesmo havendo incerteza em outros mercados, o mercado imobiliário é uma coisa que as pessoas entendem como investimento seguro. […] É uma alta generalizada na cidade, inclui imóveis em todas as faixas econômicas, sob a perspectiva de busca por um maior conforto”, explica Chaves.