Nesta edição, a newsletter Boletim Finanças destaca a lista Big Ideas Finanças 2025, com as cinco tendências que vão moldar negócios e carreiras desse setor no próximo ano. Da inteligência artificial à portabilidade dos investimentos e transferências inteligentes, da moeda digital do Banco Central Drex à tokenização, confira cinco temas destacados por especialistas do setor financeiro com potencial para mudar o jogo no mercado brasileiro.
As novas tecnologias estão movendo o setor financeiro no Brasil de forma mais acelerada desde a virada da década, quando o Banco Central do Brasil incorporou entre as suas prioridades o papel de catalisar ambiente regulatório para inovações por meio da Agenda BC#. O objetivo do órgão regulador é estimular a concorrência e ampliar o acesso dos brasileiros a produtos e serviços desse mercado.
Em 2025, esse enredo será ainda mais dominante. Bancos, instituições de pagamentos, financeiras e bancos vão acelerar investimentos no desenvolvimento de soluções e funcionalidades que suportem modelos de negócios que sejam cada vez mais eficientes.
Inteligência Artificial (IA) generativa aplicada ao setor financeiro, Drex, a moeda digital do Banco Central, tokenização, transferências inteligentes, portabilidade de investimentos – esses são os cinco temas que vão moldar os negócios e a atuação de empresas e de profissionais no mercado financeiro em 2025, segundo especialistas ouvidos pelo LinkedIn Notícias.
Confira abaixo cinco tendências que moldarão negócios e carreiras no setor financeiro do Brasil em 2025.
1. IA muda o jogo no setor financeiro
O avanço de aplicações de Inteligência Artificial Generativa (IA) por bancos e fintechs está revolucionando o mercado financeiro, transformando a interação entre bancos e clientes, com usos já em andamento nas áreas de suporte, segurança digital, atendimento ao cliente e crédito.
Para lideranças do setor, o mercado financeiro pode capturar ganhos de produtividade apoiado no uso de inteligência artificial da ordem de 25% a 35% para o desenvolvimento e testes de softwares em novas aplicações digitais.
Segundo o Estudo de Tecnologias Emergentes para o Setor Bancário, da Febraban em parceria com a Accenture, além da área de tecnologia, a IA generativa pode impulsionar a produtividade nas áreas de marketing, financeiro, serviço ao cliente, recursos humanos, vendas e jurídico.
No mercado financeiro, a experiência vai ser totalmente transformada através da inteligência artificial, afirma nesta entrevista o CIO da Distrito, Gustavo Araujo. Segundo ele, essa tecnologia vai potencializar os ganhos que o mercado já conquistou com a digitalização, que fez com que as pessoas não precisem ir mais às agências físicas e possam explorar as eficiências permitidas pelas soluções digitais.
O especialista cita quatro impactos imediatos gerados pela IA generativa no setor financeiro em 2025:
- Atendimento: sai de uma interação de toque em tela para uma interação conversacional
- Segurança: mecanismos antifraude com nível de processamento de dados que só a inteligência artificial consegue fazer
- Investimentos: assessoria desenhada para cada perfil de investidor, 27 X 7, por meio de agente de IA
- Backoffice: automação de tarefas repetitivas com redução de pessoal
Demonstração da importância estratégica que lideranças do setor financeiro dão às novas tecnologias, como IA, é o volume de investimentos que o setor tem liderado: foram R$ 47 bilhões em TI e inovações em 2024, 5% mais que em 2023, com expectativa de superar os R$ 50 bilhões em 2025.
“De tempos em tempos, a tecnologia dá um salto. E isso faz com que a regra do jogo mude. E quando a regra do jogo muda, isso dá oportunidades tanto para novos entrantes como para incumbentes se moverem rápido e ganharem mais mercado”, Gustavo Araujo, CIO da Distrito.
2. Drex, avança a moeda digital do Brasil
Em 2025, o Drex, moeda digital do Banco Central (CBDC, na sigla em inglês) entra na etapa final do projeto piloto para começar a circular no mercado financeiro. Para especialistas, sua adoção tem o potencial de alterar os principais pilares dos mercados financeiros ao automatizar o cumprimento de obrigações entre entidades por meio de Contratos Inteligentes (Smart Contracts), sem exigir que intermediários intervenham.
Segundo o Banco Central, o Drex vai ser um vetor capaz de possibilitar um ambiente seguro e regulado para a geração de novos negócios, alimentando o acesso mais democrático de pessoas e empresas aos benefícios da digitalização da economia.
A etapa piloto em andamento envolve casos de negócio para a implementação própria através de smart contracts – contratos digitais que carregam todas as condições das transações, que ficam assim registrados em rede blockchain, de forma criptografada, permanente e inviolável.
Como exemplos de utilização do Drex na economia, Rogerio Melfi, head de comunidades da ABFintechs, destaca neste post impactos da tecnologia na economia.
Isso será possível porque o Drex, mais que um meio de pagamento, é um bloco digital que carrega em si todas informações da transação – quem comprou, quem vendeu, o que foi negociado e as condições de pagamento.
3. Tokenização cria novos modelos de negócios
Além das moedas digitais e criptomoedas descentralizadas, a tokenização de ativos reais também vai ganhar espaço no mercado financeiro brasileiro, permitindo ganhos de eficiência para operações tradicionais e alimentando novos modelos de negócios.
Token é uma representação digital de um ativo, como dinheiro, direito ou propriedade. Ao tokenizar um ativo real, ele pode ser transacionado em pequenas frações digitais em um banco de dados blockchain.
Por isso, segundo o Banco Central, a tokenização de ativos é uma tendência consolidada capaz de promover maior eficiência das transações, já que ativos tokenizados podem ser transferidos facilmente em aplicações descentralizadas e armazenados em contratos inteligentes (smart contracts).
Para o setor financeiro, a tokenização representa potencial de ganhos de eficiência operacional, graças à automação e à redução de intermediários, por exemplo.
As empresas que atuam no país já tokenizaram pouco mais de R$ 1 bilhão de ativos desde 2019, segundo levantamento da InfoMoney, que apontou 6 mil ativos tradicionais já convertidos em representações digitais, em operações que envolveram consórcios, tokens de cartão de crédito e criptoativos de energia.
Entre os casos de uso da tecnologia está a plataforma BEE4, primeiro mercado autorizado pela CVM para oferta e negociação de ações tokenizadas para pequenas e médias empresas.
Segundo destaca neste post a Top Voice Patricia Stille, fundadora e CEO da BEE4, a tokenização gera ganhos de eficiência operacionais em processos ao mitigar erros, ajudando processos de auditoria e de backup, especialmente para negócios que envolvem muitos participantes no fluxo de uma série de transações.
Além disso, diz ela, graças à rastreabilidade, a tokenização amplia a transparência das transações, favorecendo o papel da observância de envolvidos e de órgãos reguladores.
E pelo benefício de fracionar ativos para negociação em porções menores, a tokenização ajuda a tornar mais acessíveis algumas classes de ativos, diz a CEO da BEE4.
4. Transferências inteligentes otimizam transações
Como nova funcionalidade do open finance, o sistema financeiro aberto de compartilhamento regulado de dados de clientes e instituições financeiras, as transferências inteligentes começam a ser implementadas pelas instituições financeiras para que clientes possam fazer movimentações entre contas deles entre diferentes instituições, de forma programada e automática.
Por exemplo: uma pessoa pode programar que a conta corrente dela em um banco envie automaticamente dinheiro para outra conta em outro banco sempre que o saldo de uma delas zerar ou ficar em determinado limite, evitando assim cair no cheque especial.
Como destaca neste texto a Top Voice Ana Zucato, fundadora e CEO da carteira digital Noh, ao permitir que clientes possam programar transações entre contas de diferentes instituições financeiras, as transferências inteligentes vão popularizar o uso do open finance pelos brasileiros e, por tabela, ampliar a concorrência entre bancos e fintechs.
Com as transferências inteligentes, mais clientes conseguem conectar de forma fluida contas de bancos e fintechs a novas plataformas, como Mercado Livre, iFood, Uber, por exemplo, autorizando pagamentos e transferência de maneira mais eficiente.
5. Portabilidade de investimentos fomenta concorrÊncia
Regulamentada no segundo semestre de 2024 pela CVM, a portabilidade de investimentos em valores mobiliários vai impulsionar a concorrência na prestação de serviços ao investidor, que passa a contar com mais poder de negociação, estimulando a concorrência entre as instituições financeiras e a busca por eficiência do mercado como um todo.
As regras, definidas por meio da Resolução 210 da CVM, agilizam e tornam mais transparentes os processos pelos quais um investidor consegue transferir suas aplicações de uma instituição financeira para outra. A dispensa de formulários físicos ou reconhecimento de assinaturas em cartório, prazos para conclusão da portabilidade e punição para empresas que descumprirem prazos são algumas novidades.
Neste vídeo, o presidente da CVM, João Pedro Nascimento, destaca que a portabilidade de investimentos vai conectar o sistema aberto do mercado de capitais ao open finance do Banco Central, integrando as agendas dos dois órgãos reguladores em trilho comum. É essa conexão, afirma ele, que vai tornar mais eficiente a movimentação de ativos de um mesmo investidor em diferentes instituições financeiras.
Esta lista não é definitiva, convidamos você a se juntar a nós! Quais grandes ideias você acha que surgirão em 2025 com poder de impactar o setor financeiro?
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Fonte: Boletim Finanças via LinkedIn
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