Medidas foram definidas pelo governo federal em 2022, mas, no ano passado, voltou atrás e não concretizou definições

 

O Ministério Público Federal (MPF) pediu a retirada do campo “sexo” e a unificação do campo “nome” – sem a distinção entre o nome social e o nome de registro civil – da nova carteira de identidade nacional (CIN). O recurso foi enviado no último dia 8 ao desembargador presidente do Tribunal Regional da 1ª Região (entenda mais abaixo).

 

As medidas para retirar o campo “sexo” e unificar o campo “nome” foram definidas pelo governo federal em 2022. No entanto, no ano passado, o governo voltou atrás e não concretizou as definições no novo RG.

 

O Ministério da Gestão e Inovação (MGI) foi procurado pelo g1, por e-mail, mas, até a publicação desta reportagem, não respondeu sobre o recurso do MPF.

 

Tramitação na Justiça

Em janeiro deste ano, o MPF no Acre entrou com uma ação para excluir o campo “sexo” e unificar o nome social e o nome de registro civil no novo documento. A Justiça Federal do Distrito Federal acolheu o pedido e determinou que o layout da nova carteira de identidade fosse alterado em 60 dias.

 

No entanto, o governo federal entrou com recurso no Tribunal Regional da 1ª Região (TRF1), em Brasília,– alegando lesão à ordem pública e econômica – e conseguiu a suspensão da liminar.

 

Segundo o procurador da República que ajuizou o caso no 1º grau, no Acre, Lucas Costa Almeida Dias, manter a atual configuração no novo RG contribui para a invisibilização da população trans.

 

Recurso do MPF

O novo recurso do MPF apresentado pela procuradora regional da República Michele Rangel de Barros Vollstedt Bastos pede que seja restabelecida a liminar feita pelo MPF do Acre em janeiro. Os documentos pedem:

 

Unificação do campo “nome”, sem distinção entre o nome social e o nome de registro civil

Exclusão do campo “sexo”

Importação dos campos “nome social”, “orientação sexual” e “identidade de gênero” para órgãos públicos

Promoção de treinamentos e capacitações dos operadores dos sistemas federais

Pagamento de dano moral coletivo de R$ 1 milhão para projetos educativos e informativos sobre promoção da diversidade e cultura LGBTQIA+

No recurso apresentado neste mês pelo MPF, a procuradora diz que não se pode aceitar que a “principal forma de identificação da pessoa brasileira perpetue diária e ostensivamente, e perante a sociedade, a identidade que se pretende deixar para trás”.

 

O procurador Lucas Costa Dias destaca que a ideia do novo RG foi pensada pelo próprio governo federal, que voltou atrás.

 

“Para o MPF, há clara incoerência do próprio governo que anunciou três vezes que faria a alteração, mas sem nenhuma justificativa (nem técnica, nem orçamentária) recuou e manteve a emissão no formato transfóbico. […] O Brasil é o país que mais mata pessoas trans há 15 anos consecutivos e a forma como essas pessoas se identificam é imprescindível para garantia de um mínimo de dignidade e respeito”, diz o procurador da República.

 

Fonte: G1

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