Secretário-executivo faz discurso direto em favor da mobilização

Depois de mais de 30 horas de negociações travadas por desacordos sobre a definição da agenda oficial, começaram nesta terça-feira (17) as discussões formais da SB62, a rodada de negociações climáticas da ONU, em Bonn, na Alemanha, que são preparatórias para a COP30, em Belém. Na primeira sessão plenária do encontro, o secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC), Simon Stiell, fez um discurso direto, em tom de alerta.

“Se quisermos que a COP30 nos leve a um novo avanço global, precisamos que os próximos oito dias tragam progresso concreto, em todos os aspectos da agenda”, disse.

Stiell abriu sua fala no plenário abandonando o protocolo habitual de boas-vindas e reconhecendo que os primeiros dias da conferência não corresponderam à urgência do momento.

“As últimas 30 horas foram difíceis. E não refletiram a urgência da situação que enfrentamos”, disse. “Mas agora temos um consenso. Por meio da cooperação e do compromisso, resolvemos o impasse.”

O impasse, segundo fontes, envolveu principalmente divergências sobre como conduzir debates sobre financiamento climático, entre outros temas. O grupo “Like-minded Developing Countries”, liderado pela Bolívia e que reúne países em desenvolvimento como China e Índia, defendeu que países desenvolvidos devem fornecer recursos financeiros para ações de mitigação às mudanças climáticas, criando um impasse.

“Mesmo que imperfeito, mesmo que nenhum país ou grupo consiga tudo o que deseja, o multilateralismo climático tem proporcionado avanços claros em cada COP recente. Mas é evidente que precisamos de mais – e com mais rapidez”, discursou Stiell.

A sessão plenária marcou o início formal das negociações técnicas que vão se desenrolar ao longo dos próximo dias. Segundo o secretário, entre os principais temas em pauta, estão a Meta Global de Adaptação (GGA), aprofundar a discussão sobre o roteiro para alcançar o US$ 1,3 trilhão, e destravar a implementação do Programa de Trabalho sobre Transição Justa.

“Estas sessões são onde passamos do conceito para a clareza – em todos os setores, sistemas e sociedades”, prosseguiu Stiell. “Vocês estão construindo os trilhos que possibilitam a implementação – na economia real – onde cortes profundos de emissões e adaptação transformadora precisam ser concretizados. De forma rápida e justa.”

Fonte: Valor Econômico

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