Influenciadores e criadores digitais precisam proteger seus bens intangíveis e digitais. Royalties, marcas, seguidores e monetização online também fazem parte da herança

Herança digital: Como proteger o patrimônio de criadores e influenciadores

O legado de um influenciador digital vai muito além de fotos e vídeos. No mundo atual, onde carreiras se constroem em redes sociais e produtos se vendem por influência, o patrimônio também é feito de ativos intangíveis: seguidores, marcas registradas, canais monetizados, contratos com agências, royalties de música e propriedade intelectual.

Mas o que acontece com tudo isso quando um criador falece? Quem herdará seus ganhos de streaming? Seu canal continuará gerando receita? Quem poderá gerenciar suas redes e contratos? E mais: como garantir que a vontade do influenciador seja respeitada?

É nesse cenário que o planejamento sucessório digital deixa de ser um luxo e se torna uma urgência.

O que entra na herança digital?

A herança digital envolve ativos que, mesmo intangíveis, possuem valor econômico e relevância estratégica:

Tipo de Bem
Exemplo
Valor Jurídico
Royalties e direitos autorais
Músicas no Spotify, vídeos no YouTube, livros digitais
Transmitem-se aos herdeiros por lei
Marcas e nomes comerciais
Nome artístico, logotipos, produtos licenciados
Devem constar no inventário
Participações em empresas
Startups, holdings digitais, e-commerces
São bens societários com regras próprias
Canais e perfis monetizados

YouTube, Instagram, TikTok
Requerem cláusulas contratuais específicas
Domínios e plataformas
Sites próprios, marketplaces
São passíveis de sucessão

Influência que continua: O caso real de artistas e criadores

Grandes nomes como Marília Mendonça, Gabriel Diniz e MC Kevin deixaram não apenas famílias e fãs – mas verdadeiros impérios digitais em funcionamento. Muitos desses legados entraram em disputa judicial justamente por falta de planejamento. Quem acessa as senhas? Quem tem direito ao dinheiro dos vídeos? A plataforma precisa de um herdeiro formal?

Em contrapartida, celebridades como Anitta e artistas do meio digital já têm seus nomes registrados, marcas estruturadas em holdings familiares e contratos amarrados com cláusulas de sucessão – protegendo o futuro de seus ativos.

O que você, criador ou influencer, pode (e deve) fazer:

  1. Formalizar uma holding digital: Organize seus contratos, marcas e participações empresariais em uma estrutura jurídica que permita gestão e sucessão sem conflitos.
  2. Elaborar um testamento digital: Determine quem herdará quais ativos digitais, com instruções claras.
  3. Mapear senhas e acessos: Mantenha registro seguro e acessível das senhas principais, contas de monetização e carteiras digitais.
  4. Cuidar da propriedade intelectual: Registre músicas, vídeos e marcas. O registro é a melhor arma contra disputas.
  5. Definir um gestor de legado digital: Alguém de confiança pode ser designado para cuidar da continuidade profissional, inclusive com cláusulas contratuais de performance.

Por que isso importa?

Não se trata apenas de “quem vai ficar com o canal”. Trata-se de proteger um trabalho construído com tempo, criatividade e esforço – e que pode continuar gerando renda e propósito para quem fica. O legado digital é um novo capítulo do Direito das Sucessões, e quem entende isso sai na frente.

Fonte: Migalhas

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