A IA está transformando a sociedade e o Brasil busca regulamentar seu uso com o Plano Brasileiro de IA e o PL 2.338/23, que estabelece normas éticas e legais. No Direito do Trabalho, a IA otimiza processos e assegura conformidade legal, reduzindo erros e prevenindo riscos trabalhistas

 

A IA tem provocado transformações significativas na sociedade, trazendo inovações que prometem eficiência e desafios que exigem reflexão. O Brasil, com o Plano Brasileiro de IA e seus avanços legislativos, busca se posicionar na vanguarda da regulamentação ética e sustentável. Nesse sentido, o PL 2.338/23, busca estabelecer normas claras para o uso da ferramenta, refletindo a preocupação com os contornos éticos e legais. Outras proposições, como o PL 5.051/19, o PL 21/20 e o PL 872/21, delineiam princípios e diretrizes para o desenvolvimento e aplicação da IA, enfatizando a importância da ética e da segurança jurídica.

 

No cenário do Direito do Trabalho, a IA emerge como ferramenta potencialmente inestimável, capaz de promover a otimização de processos e assegurar a conformidade legal. A automação de tarefas repetitivas, aliada à análise avançada de dados, desempenha um papel crucial na redução de erros humanos e na liberação de recursos para atividades de maior valor estratégico. Algoritmos sofisticados têm a capacidade de identificar inconsistências nas práticas de emprego, contribuindo significativamente para a prevenção de riscos trabalhistas e para a aderência rigorosa às normativas legais vigentes.

 

Ela pode ser aplicada diretamente na elaboração e revisão de documentos essenciais pelos empregadores, incluindo contratos de trabalho, registros de horários, documentação médica e recibos salariais. A geração de contratos personalizados, com cláusulas específicas, e a comparação de modelos atuais com versões anteriores são processos que garantem a manutenção dos padrões corporativos e o gerenciamento eficiente desses documentos. Além disso, a capacidade de rastrear e armazenar alterações documentais já é de vital importância durante auditorias, onde o histórico de ajustes se torna um recurso valioso.

 

No contexto judicial, a implementação da IA impulsiona a eficiência e a celeridade dos processos eletrônicos, bem como a praticidade frente a grandes volumes de informações e documentos, atuando de forma complementar à força de trabalho humana. Sem dúvida, a automatização oferece uma contribuição substancial para a rapidez e eficácia dos resultados. Ela pode simular situações reais e complexas, aumentando a eficiência e a precisão na gestão dos documentos e reduzindo a exposição a riscos trabalhistas.

 

Contudo, é imperativo que seu uso seja moderado e acompanhado pela revisão de profissionais qualificados, para assegurar a precisão e a veracidade das informações geradas. Isso é particularmente relevante em casos que envolvem controvérsias ou que dividem a jurisprudência, onde o risco de desatualização ou contradição com a legislação vigente pode ser significativo. Mesmo os modelos de IA mais avançados, que ostentam taxas de precisão de até 99%, não estão imunes a erros, que podem ser graves em um universo de milhares de processos.

 

De fato, é fundamental que a implementação da IA nas rotinas trabalhistas seja acompanhada de uma reflexão crítica sobre os limites da tecnologia. A temática da proteção de dados pessoais, por exemplo, conforme a LGPD, deve ser uma prioridade, assim como a constante verificação da precisão das informações geradas pela ferramenta.

 

A humanização da tecnologia é requisito essencial, e a IA deve ser vista como um complemento, não um substituto, do trabalho humano. Nessa linha, a capacitação e os treinamentos profissionais devem evoluir para incluir o conhecimento sobre IA, de modo a preparar advogados e gestores para lidar com as novas realidades do mercado de trabalho.

 

A IA tem o potencial de transformar profundamente a prática jurídica no Brasil, especialmente no Direito do Trabalho, desde que sua implementação seja feita de maneira responsável e em conformidade com as leis vigentes. Diante desse cenário, a colaboração entre juristas, tecnólogos e legisladores é fundamental para garantir que ela seja utilizada de forma ética e legalmente responsável, contribuindo para um ambiente de trabalho justo e protegido.

 

Fonte: Migalhas

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