O divórcio pode reduzir em até 70% a renda mensal. Veja os cuidados a tomar neste processo

 

Além de muitas dores emocionais, um divórcio sempre causa grande variação no orçamento pessoal. A estimativa é que o fim de um casamento reduza em até 70% a renda mensal.

 

Aliás, diante da diferença salarial existente entre homens e mulheres no país, e maior responsabilidade com o cuidado com filhos em detrimento da carreira, são elas que costumam sofrer mais com as consequências financeiras de uma separação.

 

“A mulher avançou no mercado de trabalho. Mas em 70% dos casos ainda ganha menos do que seu marido”, aponta a advogada de família Paula Britto, autora do Manual de Separação.

 

Assim, Britto verificou a necessidade de alertar quem decide enfrentar esse processo legal e criou um curso em parceria com uma planejadora financeira.

 

“Muitas mulheres me procuram não quando estão se separando de fato, mas em uma etapa prévia. Planejar esse passo é necessário”, afirma.

 

Portanto, veja abaixo 7 aspectos que devem ser considerados por quem está pensando em se separar.

 

  1. Defina a contribuição de cada um

 

Muitas mulheres encaram um divórcio sem saber quanto cada um, de fato, contribui para as finanças da família. Ainda mais nos casos em que o marido é responsável por administrar o orçamento.

 

Por isso, Britto recomenda buscar ajuda técnica para que essas informações possam ser levantadas.

 

Mas a contribuição de cada um não se reduz apenas à questão financeira. Afinal, quando o casal tem filhos também é necessário entrar em um acordo sobre as regras de convivência, que acabam por refletir na situação financeira, de acordo com Britto.

 

“A mulher que vai se divorciar pode ter de trabalhar mais para ganhar mais dinheiro e manter o seu padrão de vida. Mas se ficar com os filhos 90% do tempo, não consegue trabalhar muito e essa conta não fecha”. Portanto, explica a especialista, é necessário que o pai participe mais desse cuidado.

 

A advogada conta ainda que no regime de guarda compartilhada não há a obrigatoriedade de dividir as crianças em 50% do tempo para cada, ou que cada um contribua com metade dos custos.

 

Isso porque o regime apenas dá flexibilidade para que os cuidados sejam mais equilibrados. “Mesmo na guarda compartilhada, vale o que está na lei: cada um irá contribuir com valores proporcionais à sua renda quando se trata dos gastos com filhos”, comenta.

 

  1. Busque alimentos temporários

 

No caso de mulheres que deixaram o mercado de trabalho para cuidar dos filhos, a lei permite exigir, além de pensão para o filho, uma pensão para si mesma.

 

Esse benefício é válido durante um período determinado, até que consiga se recolocar no mercado de trabalho.

 

  1. Não dependa apenas da pensão alimentícia

 

É bom ter em mente que a pensão alimentícia, caso você tenha filhos, poderá ser sempre revista na Justiça. Seja porque o companheiro teve filhos de outros relacionamentos, ficou desempregado ou foi promovido.

 

Portanto, o objetivo financeiro após a separação deve ser conquistar cada vez mais liberdade financeira e dividir os cuidados de forma a não ficar refém dessas situações e se ver obrigada a diminuir o padrão de vida no futuro.

 

  1. Calcule gastos com processo e custos judiciais

 

Não há dúvidas de que uma separação consensual será muito mais barata do que o chamado divórcio litigioso, recheado por conflitos.

 

Segundo tabela de honorários advocatícios da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) referente a 2023, enquanto o valor pago a um advogado em um divórcio consensual é de R$ 6,8 mil, em uma separação judicial esse custo sobe para R$ 10,5 mil.

 

Portanto, uma boa conversa, até onde for possível, pode ajudar a economizar bastante em um momento no qual o patrimônio já será bastante afetado pela dissolução da união.

 

  1. Entenda o regime de casamento

 

Pela diferença de renda entre homens e mulheres, além de maior responsabilidade sobre o cuidado dos filhos, a mulher não fica atrás de seus maridos apenas no valor da renda, mas também no patrimônio construído ao longo dos anos. Daí a importância de saber quais os direitos previstos no regime de bens escolhido.

 

Em caso de divisão de bens, é necessário incluir gastos com a manutenção do patrimônio na conta, aconselha Britto. “Mulheres que não acompanham de perto custos de ter uma casa de praia, por exemplo, podem se deparar com IPTU alto. É necessário considerar tudo na ponta do lápis antes de exigir a divisão”.

 

Até que o patrimônio seja partilhado de fato é possível pleitear rendimentos. “Se os imóveis continuaram a ser alugados a esposa pode exigir uma compensação por todo o tempo em que esse patrimônio ficou indisponível para ela”.

 

  1. Tenha (e exija) controle emocional

 

Em momentos de emoções intensas como o de uma separação há um comprometimento cognitivo que impede o raciocínio e clareza de pensamento dos envolvidos. Caso um dos companheiros contrate um advogado que incentive mais conflitos, o caos se instala.

 

Por isso, a educadora financeira Luciana Ikedo desaconselha tomar decisões drásticas sobre o patrimônio rapidamente. “Decisões como a venda do imóvel, carro, corte de gastos e mudanças na casa exigem serenidade”.

 

Em caso de brigas prolongadas, Britto aconselha que é melhor formalizar um acordo dentro do que é possível do que o que é idealizado. “Posteriormente sempre será possível rever o valor da pensão, por exemplo. Em momentos de raiva não é recomendável fechar um acordo”.

 

Deixar para revisar a pensão depois, ou a partilha dos bens, não significa abrir mão de direitos. “Fazer acordos sem cuidado, apenas como forma de se livrar de uma carga emocional, também não é indicado”.

 

  1. Refaça o orçamento pessoal e siga em frente

 

Após o divórcio, resta refazer o orçamento pessoal do zero, com a nova renda e já incluindo a pensão alimentícia para os filhos. Estabelecer novas metas e objetivos pessoais podem dar ânimo para gerar mais renda e, se for o caso, rever despesas como forma de se ajustar à nova realidade.

 

Cogite viver em um bairro mais acessível ou busque pagar um aluguel mais barato em um imóvel menor. Dessa forma, será possível manter o padrão de vida sem sacrificar momentos de lazer.

 

Ikedo aponta que o ideal caso haja tempo hábil, é ter uma reserva financeira no momento do divórcio. “Antecipar é sempre o melhor caminho”.

 

Fonte: Inteligência Financeira

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