Artigo: Reforma tributária e imposto sobre herança – Mudanças e estratégias de planejamento sucessório – Por Lucas Parreira

A reforma tributária trouxe mudanças significativas no imposto sobre herança, exigindo uma reavaliação das estratégias de planejamento sucessório

 

O imposto sobre herança

 

O imposto sobre herança, formalmente conhecido como ITCMD – Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação, é um tributo de competência estadual aplicado sempre que ocorre uma transferência de patrimônio em decorrência do falecimento de alguém ou por meio de doação. Cada estado tem autonomia para estabelecer sua própria alíquota, que geralmente varia de 2% a 8%. É importante ressaltar que a Constituição Federal limita a alíquota máxima em 8%.

 

Mudanças com a reforma tributária

 

Uma das principais mudanças introduzidas pela reforma tributária é a transição das alíquotas fixas para alíquotas progressivas. Isso implica que as alíquotas serão ajustadas de acordo com o valor da herança, em vez de serem aplicadas de maneira uniforme. Por exemplo, em vez de uma alíquota fixa de 4%, poderiam ser estabelecidas faixas de alíquotas progressivas, como 2% para heranças até 300 mil reais, 3% para heranças até 500 mil reais e 8% para heranças acima de um milhão de reais.

 

Outra alteração significativa é a possibilidade de cobrança do imposto sobre herança em transações realizadas no exterior, o que tem gerado debates e preocupações, especialmente entre aqueles com patrimônio substancial.

 

Estratégias de planejamento sucessório

 

Diante dessas mudanças e da perspectiva de aumento do imposto sobre herança, é fundamental considerar estratégias de planejamento sucessório para minimizar o impacto financeiro sobre os herdeiros. O planejamento sucessório envolve a organização antecipada da divisão do patrimônio, visando reduzir custos e conflitos no futuro.

 

1. Holding patrimonial

 

Uma das estratégias mais utilizadas é a constituição de uma holding patrimonial, que permite a transferência dos bens para uma empresa controladora. Essa abordagem oferece vantagens como a facilitação da transferência de patrimônio aos herdeiros ao longo do tempo, evitando a necessidade de inventário e reduzindo custos.

 

2. Doações sucessivas

 

Outra opção viável é realizar doações sucessivas ao longo do tempo, transferindo gradualmente o patrimônio para os herdeiros e aproveitando-se do teto das isenções anuais do ICTMD. Essa estratégia permite uma distribuição mais equitativa dos bens e pode reduzir significativamente o imposto sobre herança.

 

3. Elaboração de testamento

 

Para aqueles que desejam especificar claramente a distribuição de seus bens, a elaboração de um testamento pode ser uma medida importante. Um testamento permite que o indivíduo expresse suas vontades de forma legalmente vinculativa, garantindo que seus desejos sejam respeitados após o falecimento.

 

4. Planejamento tributário

 

Além das estratégias mencionadas acima, o planejamento tributário desempenha um papel crucial na redução do ônus fiscal associado à transferência de patrimônio. Profissionais especializados podem identificar oportunidades para minimizar a carga tributária, aproveitando incentivos fiscais e estruturas legais favoráveis.

 

Conclusão

 

A reforma tributária trouxe mudanças significativas no imposto sobre herança, exigindo uma reavaliação das estratégias de planejamento sucessório. É essencial buscar orientação especializada para desenvolver um plano personalizado que atenda às necessidades e objetivos individuais. Ao adotar medidas proativas de planejamento sucessório, é possível reduzir os custos associados à transferência de patrimônio e garantir uma transição suave para os herdeiros.

 

Fonte: Migalhas