O ditado popular diz que “família é tudo igual, só muda o nome”. Seja na abundância ou na escassez, a forma como pensamos e lidamos com o dinheiro em alguma medida molda as relações.
Famílias que se separam por disputa de herança ou estreitam laços na hora da necessidade; decisões sobre casamento ou divórcio; planejamento da maternidade e educação dos filhos; preocupações em relação à construção de um futuro mais tranquilo… ao longo de todas essas fases da vida o dinheiro desempenha um importante papel.
Contudo, questões familiares sobre hereditariedade e repetição de padrões comportamentais se por um lado trazem um relativo saudosismo (“não poderia ser mais parecido com o avô”), por outro podem estabelecer conexões que limitam o desenvolvimento do ser humano (“consumista igual à mãe”).
Quando esse contexto é trazido para o âmbito financeiro a dificuldade fica maior, pois falar sobre dinheiro ainda é um tabu. Você já precisou emprestar ou pedir emprestado algum dinheiro para alguém da família? Isso fez alguma diferença na relação entre vocês? Vocês conversam abertamente sobre o assunto?
Não é raro encontrar padrões comportamentais de gerações anteriores moldando nossos comportamentos sem que a gente perceba. O fato é que carregamos inconscientemente algumas “programações” mentais. Entender e identificar tais programações explicam muito sobre o papel do dinheiro nas relações familiares.
Dinheiro no relacionamento conjugal
Quando se trata do relacionamento conjugal, há estudos científicos que destacam a crise financeira entre os principais motivos do divórcio. Daí a importância de o casal conseguir conversar sobre dinheiro trazendo transparência e maturidade para a relação.
Confiança e franqueza ao discutir objetivos, definir responsabilidades, falar sobre eventuais descontroles financeiros e programar gastos são o caminho para blindar a relação.
Então, combinem a participação de cada um nas contas e estabeleçam uma renda do casal que respeite as individualidades e permita algum grau de liberdade para gastos pessoais individuais.
Dinheiro no relacionamento entre pais e filhos menores
Quem tem filhos pequenos sabe que isso muda a dinâmica financeira e provavelmente já precisou esticar o orçamento. O que demonstra como não é bem verdade a frase onde comem dois, comem três. Mais do que restrições de horários, um filho interfere na relação do casal e aumenta significativamente os compromissos financeiros.
Quando o assunto é educação financeira dos filhos, nos momentos de birra e comportamentos consumistas geralmente se ouve a frase “Esse teu filho…”, como se o filho fosse de um só. A forma como os pais entendem e lidam com o dinheiro fará toda a diferença na vida desse filho.
Se os pais simplesmente realizam os desejos dos seus filhos sem explicar-lhes o motivo pelo qual merecem aquilo, eles podem entender que sua simples existência é merecedora. Neste caso, o registro inconsciente no filho é de que o dinheiro se ganha, quando o fato é de que o dinheiro se conquista.
Cuidado para que o dinheiro não assuma um papel de dependência dos seus filhos com relação à você, pois a tendência é que isso se perpetue.
Dinheiro no relacionamento entre pais e filhos adultos
Em qualquer idade, por vezes precisamos de algum apoio para reorganizar nossa rotina, seja nas atividades do dia a dia ou mesmo financeiramente. Você já precisou da ajuda dos seus pais? E eles já precisaram do seu apoio?
Nossa rotina está cada vez mais conturbada e as novidades tecnológicas alimentam isso. É normal algum nível de interdependência entre filhos adultos e pais, mas é preciso prestar atenção quando essa interdependência se torna recorrente.
Do lado dos filhos, é preciso trazer luz aos padrões comportamentais familiares e entender o quão saudáveis são eles. Do lado dos pais, compreender que é função dos filhos quebrar alguns tabus acalma o coração.
Dinheiro para o futuro
Depois de percorrida toda essa linha do tempo, como você se preparou para o futuro?
Quando a gente pensa em futuro vem à mente o equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Mas a grande maioria das pessoas deixa de fora o âmbito financeiro. Mas pergunto: teria como atingir tal equilíbrio sem ter algum dinheiro guardado ou contando apenas com a aposentadoria? No Brasil, em especial, já é consenso que não dá para esperar pelo governo, então a solução seria trabalhar eternamente, depender de algum parente ou… se preparar para esse futuro.
Seja qual for a sua escolha, meu desejo é que ela seja, de fato, uma escolha e não simplesmente a consequência dos seus atos. O crochê na poltrona, o jogo de dama na praça, viagens internacionais ou o início de nova carreira… o seu futuro é seu e o dinheiro é apenas o instrumento que representa as relações que você construiu ao longo da vida.
Se você quiser saber mais sobre esse tema, recomendo assistir à segunda temporada da série Dinheiro sem tabu, que será lançada na próxima segunda-feira, dia 19 de setembro, no canal do YouTube PagBank Investimentos.
Fonte: UOL Economia
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